sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

JÜRGEN MOLTMANN (1926-)

Jürgen Moltmann é um dos principais teólogos Luteranos contemporâneos. Ele nasceu em 1926 em Hamburgo, Alemanha. Moltmann lutou na II Guerra, foi feito prisioneiro pelos ingleses e foi levado para um campo de concentração na Inglaterra. Moltmann de 1945-1948, esteve prisioneiro dos aliados na Bélgica e na Inglaterra. Esses anos de prisão levaram-no a refletir sobre o sentido da vocação cristã. Em 1948 voltou a Alemanha e foi estudar teologia. A partir de 1952, atuou como pastor da Igreja Luterana. Desde 1967, foi professor de teologia sistemática na Universidade de Tubinga. Moltmann é um escritor prolífico, centrado integralmente em “olhar a teologia sob um ponto de vista particular: a esperança. É uma contribuição sistemática à teologia, na qual considera o contexto e a correlação que os diferentes conceitos têm no campo da teologia”.Moltmann dedicou-se e ainda se dedica a lecionar teologia em universidades. Moltmann é o criador da 'Teologia da Esperança', em que desenvolve as idéias da realização do Reino, como promessa fundamental de Deus. Ele também destaca muito a importância do mistério da cruz. Moltmann é casado e tem quatro filhos.
Suas principais obras são:

- Teologia da Esperança;
- O Deus Crucificado;
- A Igreja na Força do Espírito;
- Conversão ao Futuro.

Suas obras:

Teologia da esperança (1964), que o torna conhecido como um dos grandes teólogos de hoje na linha de Barth e de Bultmann. Nela confirma a importância que a escatologia tem na doutrina do Novo Testamento; a escatologia, não como crença em fatos concretos que devem acontecer nos finais dos tempos, mas como fator que modela toda a teologia cristã. Tal perspectiva escatológica do cristianismo é interpretada como promessa, como plataforma para a futura esperança. É base para uma transformação antecipada do mundo da nova terra prometida. A meta da missão cristã não é simplesmente uma salvação individual, pessoal, nem sequer espiritual; é a realização da esperança da justiça, da socialização de toda a humanidade e da paz do mundo. Esse outro aspecto de reconciliação com Deus pela realização da justiça foi descuidado pela Igreja. A Igreja deve trabalhar por essa realização, baseada na esperança futura.

O Deus Crucificado (1972) expõe a doutrina de Deus a partir da perspectiva da cruz. O Deus cristão é um Deus que sofre de amor. Não é um sofrimento imposto de fora — pois Deus é imutável —, mas um sofrimento de amor, ativo. É um sofrimento aceito, um sofrimento de amor, livre, ligado ao Deus sofredor de Auschwitz e do extermínio judeu. A esse livro deve-se acrescentar A Igreja no poder do Espírito (1975). Neste estuda a atividade reconciliadora de Deus no mundo, vista sob a perspectiva da Ressurreição, da Cruz e de Pentecostes. “A Igreja — diz Moltmann — deve estar aberta a Deus, aos homens, e aberta ao futuro tanto de Deus quanto dos homens. Isso pede da Igreja não uma simples adaptação às rápidas mudanças sociais, mas uma renovação interior pelo Espírito de Cristo e a força do mundo futuro.” Isso faz com que a Igreja tenha de ser Igreja de Jesus Cristo e Igreja missionária. Deve ser também uma Igreja ecumênica, que quebre as barreiras entre as Igrejas. E deve ser também política: a dimensão política — agrade ou não — sempre existiu nela. A Teologia da Libertação ensina a Igreja a tomar partido pelos pobres e humilhados deste mundo.

Finalmente, em A Trindade e o Reino de Deus (1980) estuda o mistério da Trindade de Deus fazendo “uma história trinitária”. Examina a paixão de Cristo e vê, no abandono de Cristo na cruz por Deus, o centro da fé cristã. “Deus é abandonado por Deus.” Apóia a sua doutrina social na “Doutrina Trinitária do Reino”, baseada nas idéias de Joaquim de Fiore, elaborando assim uma “Doutrina Trinitária da Liberdade”.
A obra de Moltmann pressupõe uma revitalização e um aprofundamento da teologia cristã.

PENSAMENTOS DE JÜRGEN MOLTMANN

"Cristo veio e se sacrificou para reconciliar o mundo inteiro. Ninguém fica excluído".

"Nós não somos só os intérpretes do futuro, mas já somos os colaboradores do futuro, cuja força, na esperança como realização, é Deus".

"Por 'Reino de Deus', nós entendemos o cumprimento escatológico do senhorio histórico-libertador de Deus. Seria unilateral ver o senhorio de Deus somente no seu reino perfeito, como também geraria muitos equívocos uma equiparação entre Reino de Deus e o domínio que Deus exerce atualmente. Em seu Reino, Deus reina de modo incontrastado, universal e em toda a clareza".

"A mediação entre a tradição do cristianismo e a cultura do tempo presente é a tarefa mais importante da teologia. Sem uma conexão viva com as possibilidades e os problemas do homem de hoje, a teologia cristã torna-se estéril e irrelevante. Mas, sem uma referência à tradição cristã, a teologia torna-se oportunista e acrítica".

"Deus não está presente em algum lugar do além: Ele vem, e é tal que está presente. Prometendo um mundo novo - o da vida, da justiça e da verdade universais -, ele questiona constantemente este mundo presente, através desta promessa: não que, para aquele que tem esperança, este mundo presente não seja nada; mas ele ainda não é aquilo que tem a perspectiva de ser. Assim questionados, o mundo e a condição humana acorrentada a este mundo se tornam históricos, pois são colocados em xeque e em crise por causa do futuro prometido. Lá onde começa o novo, o antigo se torna manifesto. Lá onde é prometido o novo, o antigo se torna passageiro e superável. Lá onde se espera e se aguarda o novo, o antigo pode ser abandonado. Assim a 'história' aparece, em função do seu fim, naquilo que se opera graças à promessa, naquilo que esta promessa - que caminha para frente e ilumina o caminho - permite perceber. A escatologia não desaparece nas nuvens de areia da história, senão que mantém a história viva na crítica e na esperança; aescatologia é algo como as nuvens de areia da história vindas de longe".

"Se a revelação do Ressuscitado está aberta para o seu próprio futuro e para a sua promessa, esta abertura para o futuro transcende toda a história consecutiva da Igreja, tem sobre ela uma superioridade absoluta. A recordação da promessa acontecida - recordação de um advento, e não de um evento passado - afunda como uma lasca na carne de cada (momento) presente e o abre para o futuro".

"... este evento, que se pode apreender através da Crucifixão e das aparições pascais... remete retrospectivamente para as promessas de Deus e direciona para frente em direção a um 'eschaton': a revelação da sua divindade em todas as coisas. Ele deve, pois, ser entendido como o advento escatológico da fidelidade de Deus, mas também como a garantia escatológica da sua promessa e como o início da consumação".

"A soberania do Cristo crucificado por motivo político só pode estender-se através da libertação em relação às formas do poder que mantém os homens em tutela e os tornam apáticos, e através da evacuação das religiões políticas que lhes dão sustentação. A consumação do Reino de liberdade de Jesus deve, segundo Paulo, aniquilar todo poder, toda autoridade e toda potência, que ainda são inevitáveis aqui na terra, e suprimir as apatias e as alienações que lhes correspondem. Os cristãos procurarão, de acordo com as possibilidade presentes, antecipar o futuro de Cristo, destruindo todadominação e construindo a vida política de cada um".

"Jesus não viveu como uma pessoa privada... senão que, quanto possamos saber pelas fontes, viveu como uma personalidade pública, da proximidade do seu Deus e Pai para o seu Reino vindouro".

"Só compreendemos o caráter peculiar da sua morte se compreendermos o seu abandono por parte do seu Deus e Pai, do qual ele havia pregado a proximidade de uma forma única, benévola e solene. O caráter único do abandono por Deus, no qual Jesus morreu, guarda relação com o caráter únicoda sua comunhão com Deus na sua vida e na sua pregação. Trata-se de algo mais do que - e de algo diferente de - um 'desabamento' e de um 'fracasso'".

"Deve-se dizer, portanto: sua morte na cruz é o 'significado' da sua ressurreição por nós... (Pois) o Reino vindouro, cuja certeza os discípulos encontram nas aparições pascais de Cristo, assumiu a partir de agora, através de Cristo, a forma da cruz em um mundo alienado. A cruz é a forma do Reino redentor que vem, e o Crucificado é a encarnação do Ressuscitado. No Crucificado, o 'fim da história' está presente dentro da realidade da história. Nele se encontram, portanto, a reconciliação no meio do conflito e a esperança de superar o conflito".

"O Deus da liberdade, o verdadeiro Deus não se reconhece pelo seu poder e sua glória no mundo e na história do mundo, mas pela sua impotência e sua morte no patíbulo de infâmia da cruz de Jesus".

"O princípio material da doutrina trinitária é a cruz de Cristo. O princípio formal do conhecimento da cruz é a doutrina trinitária".

"Pois Jesus aceita morrer abandonado, não sofre a morte como tal, já que não se pode 'sofrer' a morte, pois o sofrimento supõe a vida. Mas o Pai, que o abandona e o entrega, sofre pela morte do Filho na dor infinita do amor".

"O que procede deste evento entre o Pai e o Filho é o Espírito que justifica os ímpios, que enche de amor os abandonados, que até aos mortos dará a vida - pois nem o fato da morte deles pode excluí-los deste acontecimento da cruz, senão que a morte em Deus também os inclui".

"O Crucificado não desaparece quando vem o cumprimento, senão que antes se torna o fundamento da existência salva em Deus, e na inabitação de Deus em todos".

“Deus, sendo amor, só pode ser testemunhado e experimentado em uma congregação pequena o bastante para que os membros se conheçam e se aceitem uns aos outros, assim como são aceitos por Cristo. O evangelho do Cristo crucificado por nós põe termo à religião como potência e abre apossibilidade de experimentar a Deus, no âmbito da comunidade genuína, como o Deus de amor”.

"O caminho para uma unidade que seja aceitável por todos está dificultado tanto pelo centralismo papal e pelo uniformismo romano, por um lado, como, por outro, pela dispersão protestante e, em último lugar, pela auto-suficiência ortodoxa".

"Por meio de subverter e demolir todas as barreiras - sejam da religião, da raça, da educação, ou da classe - a comunidade dos cristãos comprova que é a comunidade de Cristo. Esta, na realidade, poderia tornar-se a nova marca identificadora da igreja no mundo, por ser composta, não de homens iguais e de mentalidade igual, mas, sim, de homens dessemelhantes, e, na realidade, daqueles que tinham sido inimigos... O caminho para este alvo de uma nova comunidade humanista que envolve todas as nações e línguas é, porém, um caminho revolucionário".

"Se a promessa é considerada como promessa de Deus, então não pode ser verificada segundo os critérios humanos. A plenificação da promessa pode conter o novo, mesmo dentro do esperado, e superar na realidade o pensado em categorias humanas [...]. O ainda-não da expectação ultrapassa todo cumprimento já sobrevindo. Por isso, toda realidade de cumprimento, sobrevinda já agora, se transforma na confirmação, interpretação e libertação de uma esperança maior [...]. A razão da constante mais-valia da promessa e de seu permanente superávit acima da história reside no caráter inexaurível do Deus da promessa".

“O cristianismo é total e visceralmente escatológico, e não só a modo de apêndice (...). O
escatológico não é algo que adere ao cristianismo, mas simplesmente o meio em que se move a fé
cristã, aquilo que dá o tom a tudo que há nele. Como a fé cristã vive da ressurreição do Cristo
crucificado, ela não pode ser simplesmente parte da doutrina cristã. Ao contrário, toda a pregação cristã tem uma orientação escatológica”.

19 comentários:

Unknown disse...

Moltmann é brilhante!
Penso que a Teologia deve ser estudada o mais possivel a fim de evitar equívocos e que os pré-conceitos das pessoas que aceitam a religião mas não sentem Deus, sejam destruídos!

Anônimo disse...

O texto sobre a vida obra e pensamento de Jurgen Moltmann está razoável, mas apresenta um erro crasso já nas primeiras linhas: Moltmann não é luterano, embora seja alemão, ele é reformado. Por favor corrijam este erro antes que possa prejudicar os leitores principiantes. Obrigado pela atenção.

C S Sampaio disse...

Caro colega:
acabo de postar uma matéria sobre teologia e politica em meu blog e me utilizei de sua matéria sobre Moltmann. Eu tenho o "Grandes Teologos do Século Vinte" do Batista Mondim, mas preferi me utilizar de seu post a fim de divulgar seu Blog. Havendo alguma observação contrária, me avise. Abraço.

obs: 1. Gostei de sua pagina, mas corrija mesmo a informação sobre a pertença do grande teólogo. Ele é da Igreja Reformada, não da Luterana. viste minha pagina: http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com/

Clara Xavier disse...

Afinal de contas Moltimann era lutero ou da Igreja Reformada... alguém pode afirmar...
CLARA XAVIER, Estudante de teologia.

Anônimo disse...

O teólogo alemão Jurgen Moltmann era reformado, com toda a certeza, o problema é que geralmente o pessoal pensa que todos os alemães são luteranos, isso não é verdade. No livrinho Espirito da Vida Jurgen Moltmann conta sua comovente história de conversão, vale a pena vc conferir.

Iphone1000 disse...

Ola... gostaria de saber se poderei baixar algum livro bom sobre Teologia Contemporanea na net, pois estou fazendo um trabalho, mas estou na Belgica e nao tenho muito acesso a materiais teologicos...

Obrigado e fiquem na paz!

Pr. Wanderson Machado
prwanderson@hotmail.com
www.missions4allnations.com

Unknown disse...

Prezados,
Jürgen Moltmann é um teólogo luterano e também calvinista. Ele assumiu o pastorado na Igrema Evangélica de Bremem que faz parte da Igreja Evangélica Unida que combina as tradições luteranas e calvinistas. Portanto, estão todos certos ao dizerem ser ele teólogo luterano e também calvinista.
Marcos

Unknown disse...

livro O Deus Crucificado de Jurgen Moltmann um dos maiores teologos do Mundo será lançado No Brasil 31/08 autografando os livros saiba mais no link ! -> http://t.co/YtZx1fB

santanna disse...

Realmente a letra mata.
Teologo brilhante esse Moltmann.
Afirmar que a segunda vinda de Cristo à terra é utopia, que é somente força motivadora, para implantação do reino de Deus.
Fico com a Biblia e com o Apostolo Paulo.
Que o Espirito de Deus nos vivifique e nos livre dessas heresias.

Clara Xavier disse...

Amados, a Palavra está se cumprindo "Todo joelho se dobrará e toda língua confessará que JESUS É O SENHOR". Isso que importa, falem o que quiserem tudo na Palavra está e estará se cumprindo. Aquele que está de pé cuide para que não caia.
Apenas reter o que é bom, o resto...é resto.

Seminarista Clara Xavier
Terminando Bacharel em Teologia

Clara Xavier disse...

Amados, a Palavra está se cumprindo "Todo joelho se dobrará e toda língua confessará que JESUS É O SENHOR". Isso que importa, falem o que quiserem tudo na Palavra está e estará se cumprindo. Aquele que está de pé cuide para que não caia.
Apenas reter o que é bom, o resto...é resto.

Clara Xavier
Terminando Bacharel em Teologia

Unknown disse...

Um teólogo que afirma ser utopia a volta do Senhor Jesus não é digno de crédito,mesmo que seus livros sejam brilhantes!

erivan disse...

não quero criticar ou dizer bobagens como as que tenho lido por causa das afirmações feitas por,...Jurgen Moltmann sobre a vinda de cristo ser uma utopia.Pois chama-lo de herege não satisfatorio,O Senhor Jesus tambem foi tratado assim,não quero dizer que Moltmann esteja certo em suas afirmativas só quero dizer que um cristão sábio não fala essas...babozeiras que tenho lido contra esse homem pois não o vejo em nem um momento negar que Jesus é o Senhor.

Agnaldo Mota disse...

Ouvi Moltmann e Boff recentemente, numa palestra sobre Teologia e Ecologia, no Instituto Bennet, no RJ. Quão fecundante e maravilhosa palestra!
Dizer que Moltmann não é digno de crédito, como li aqui, é no mínimo uma ignorância de sua fecunda obra literária, sem contar seu testemunho de vida impressionante!
Parabéns aos organizadores do blog!

Agnaldo, pastor e mestre em teologia.

Moreh Wallace disse...

Dou meus elogios a Moltmann, mas não podemos deixar de observar sua tendência ao " Neo-Evangelicalismo" ou seja, o ecumenismo. Moltmann faz parte do CMI - Conselho Mundial de Igrejas, voces ja procuraram saber o que é ? Fiquem ligados com os " lobos desfarçados de ovelhas"

buschoboe disse...

Resposta corretíssima. Teologicamente segue linha reformada mas com influência luterana.

buschoboe disse...

Resposta corretíssima. Teologicamente segue linha reformada mas com influência luterana.

Unknown disse...

Tive prazer de encontrar a teologia de Moltmann através de um ex-padre, que referendou. Nos lugares mais longínquos do país, proliferam pregadores do fim do mundo (dispensacionalistas). Por si só, já é o fim do mundo (não só pentecostais, mais batistas, adventistas, T. Jeová e outros). Para as pessoas mais simples a escatologia tradicional deve ser relida, quem sabe refeita. Deus não é nada disso do que pregam.

Unknown disse...

Moltmann, como teologo protestante referendado, sobretudo por católicos, há de ser, referendado tambem no meio protestante. O dispensacionalismo é uma corrente (teoria conspiratória) que está inserida nas correntes sionistas do século passado, portanto, ultrapassada. Cumpriu seu objetivo politico (concordem ou não). O dispensacilismo aterroriza e ameaça o mundo com guerras e enfim, o fim. Cristãos ou não, temos que cultivar a esperança, mesmo que seja em um projeto utópico. Afinal de contas Deus "amou o mundo" é ñ o odiou. Parabéns pelo post.