segunda-feira, 17 de março de 2008

EDWARD SCHILLEBEECKX (1914-)

Teólogo belga, nascido em Amberes em 1914 e entrou para os dominicanos em 1934.
Estudou Filosofia e Teologia em Lovaina, no Studium Generale dominicano de Saulchoir e na Sorbonne, onde foi aluno do célebre historiador da teologia P. Dominique Chenu. Em 1951 doutourou-se em teologia. Depois do doutoramento com a monumental tese De Sacramentele Heilseconomie (A Economia Sacramental da Salvação), publicada em 1952, ensinou Teologia no convento dos dominicanos de Lovaina e na Universidade de Nimega (Holanda, de 1957 a 1983). Conselheiro teológico do episcopado holandês, participou no concílio Vaticano II, de forma muito ativa. É membro fundador da revista internacional, Concilium, criada em 1964, da qual tem sido um dos principais animadores. É autor de uma vasta e muito original produção teológica, traduzida em muitas línguas, na qual se podem detetar várias fases.

O estudo e a atividade de Schillebeeckx responde aos princípios da “nova teologia” iniciada em Le Saulchoir. Plenamente empenhado na renovação e “aggiornamento” da Igreja. Seu trabalho consistiu “em repensar a fé tradicional em função da situação presente no mundo”. Foi o teólogo assessor do episcopado holandês no Concílio Vaticano II. Depois foi consultor do episcopado holandês nos anos que seguiram ao Concílio, em que a Igreja da Holanda submeteu-se a uma profunda revisão. Em 1965 fundou, com outros teólogos, a revista internacional de teologia “Concilium”, sendo também um dos principais inspiradores do Novo Catecismo holandês (1966). Sua numerosa obra escrita pode ser encontrada na revista “Concilium” e em outras revistas especializadas, e em obras de grande impacto e difusão não só entre teólogos, mas também entre o público dos diferentes idiomas cultos. Como a de Hans Küng, Karl Rahner, De Lubac, Häring e outros, sua obra escrita transcendeu a cátedra e os círculos especializados para passar aos diversos setores da sociedade.

Citamos algumas de suas obras: A economia sacramental da salvação (1952); Maria, Mãe da redenção (1954); Cristo, sacramento do encontro com Deus (1958); Deus, futuro do homem (1965); Mundo e Igreja (1966); Compreensão da fé: interpretação e crítica (1972); Jesus. Uma tentativa de cristologia (1974). Sou um teólogo feliz (1994) e Os homenss, relato de Deus (1995). Dois tomos sobre A Igreja de Cristo e o homem de hoje segundo o Vaticano II reúnem sua contribuição para as revistas especializadas.

Desde 1968, Schillebeeckx é objeto de observação e de críticas por parte da atual Congregação para a Doutrina da Fé. Em 1979 foi chamado a Roma para depor diante dela. “Os dogmas, segundo Schillebeeckx, têm um sentido dentro de uma perspectiva histórica determinada e utilizam noções tomadas de uma cultura particular.” Essa historicidade leva-o a reinterpretar os dogmas, levando em conta as condições da existência dos homens. Por isso, a ortodoxia só é plenamente possível sobre a base de uma “ortopráxis”: é na prática efetiva da Igreja que se realiza uma nova compreensão da mensagem da fé. A unidade de uma mesma fé e de uma mesma confissão só é reconhecível na “pluralidade de opiniões teológicas”. E o “que é verdade para o teólogo, o é também para cada crente”. Num mundo secularizado, “Deus manifesta-se normalmente sob a forma de ausência”. Ao abordar os problemas do ponto de vista histórico, aplica-os também Schillebeeckx à figura de Jesus, cujo estudo tem lhe valido duras críticas.

PENSAMENTOS DE EDWARD SCHILLEBEECKX

"A proximidade de Deus aos seres humanos e seu amor vivificante podem tornar-se realidade na Igreja quando esta se realiza no mundo".

"O passado demonstrou que, muito antes de a Igreja ter analisado os problemas sociais, já houve pessoas que através de seu compromisso pessoal e de um diálogo pré-analítico com o mundo chegaram à decisão moral de que mudanças fundamentais eram necessárias”.

"O mundo e a história dos homens, em que Deus quer realizar a salvação, são a base de toda realidade salvífica: é aí que primordialmente se realiza a salvação... ou se recusa e se realiza a não-salvação. Neste sentido, vale 'extra mundum nulla salus', fora do mundo dos homens não há salvação”.

“Há mais verdade (religiosa) em todas as religiões no seu conjunto do que numa única religião, o que também vale para o cristianismo".

“Maria é o braço que une a humanidade santa e salvadora de Cristo à nossa humanidade”.

"Enquanto se prossegue na doce e monótona cadência das ave-marias, o pai ou mãe de família pensam nas preocupações familiares, no menino que atendem, ou nos problemas provocados pelos filhos mais velhos. Este emaranhado de aspectos da vida familiar sofre então a iluminação dos mistérios salvíficos de Cristo, e é espontâneo confiar tudo à Mãe do milagre de Caná e de toda a redenção".

"Jesus é Deus em linguagem humana".

"É preferível não reconhecer a Deus, não acreditar na vida eterna do que acreditar num Deus que em nome da outra vida despreza, oprime e humilha o ser humano nesta vida".

"Deus se revelou em Jesus, conforme a concepção cristã, valendo-se do não-divino do seu ser homem... Jesus partilhou conosco na cruz da fragilidade de nosso mundo. Mas este fato significa que em sua absoluta liberdade e antes de todo tempo, Deus determina quem e como quer ser no seu ser mais profundo, a saber, um Deus dos homens, companheiro de aliança em nosso sofrer e em nossa absurdidade, e companheiro de aliança também no que realizamos de bem. Ele é, em seu próprio ser, um Deus por nós".

"Graças à mística, a dogmática entra em contato íntimo com seu objeto; graças à dogmática crítica a mística não se funde em um cristianismo apócrifo ou em um fanatismo irracional. Mística e teologia tem necessidade uma da outra para sua própria autenticidade".

"O Reino de Deus está essencialmente ligado à pessoa de Jesus de Nazaré. O Novo Testamento mantém este fato numa de suas mais antigas lembranças, dizendo que, com Jesus, o Reino de Deus, Deus mesmo, vem para bem perto de nós. O Reino de Deus deve conseqüentemente
ser compreendido e qualificado a partir da vida de Jesus”.

3 comentários:

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene

Prezado Gilberto, meus parabéns pela iniciativa de elaborar um blog com um tema tão oportuno, Teologia contemporânea.

Estarei visitando o seu blog em outras ocasiões.

Em Cristo
Esdras Bentho
www.teologiaegraca.blogspot.com

Sem. Herbert Feldens disse...

Obrigado pelas postagens amigão.
Muito útil, em muitos sentidos.

Para sua meditação:
"Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;" (2 Tm 3:16)

ANTONIO MORENO disse...

Estou começcando a ler seus textos, mas falta uma coisa mito importante, para quem quer aprofundar ou até aproveitar sua pesauisa, no sentido de indicar o caminho para chegar a um pesamento, uma ideia de um autor, mas sem a citação fica dificil localizar nem memso o livro.......
Faça isso e estará ajudando muitas pessoas....
Estou fazendo uma tese com o titulo: A condição humana e a dimensão religiosa no teatro poetico de Ariano Suassuna. É de teologia....Vejo que é ainda jovem e já aposentado, tem muito tempo livra para se dedicar a estes estudos...É muito bom. Se tiver alguma ideia......mande-me
Antonio Moreno